Uma mensagem, um pensamento, uma história marcante, um desejo, uma inquietação. Uma pedra carregada no sapato durante anos, uma confissão. Um reclame, um pedido, uma opinião. Algo importante, fundamental.
O que você diria se pudesse deixar gravado numa caixa preta algo que gostaria de dizer, talvez pela última vez? Afinal, toda vez é talvez a última. E nesse ponto, o teatro e a vida se parecem bastante.
O que você diria se soubesse que o que você vai dizer será dito para uma platéia, para um teatro cheio de ouvidos atentos ao que você tem para contar?
Essa é proposta do jogo criado por Bianca Ramoneda e Marcio Abreu. Ela atriz e jornalista, ele diretor e dramaturgo, ambos catadores de histórias.
A partir de depoimentos gravados por diversas pessoas se constrói a cena, composta apenas por um banco, um foco de luz e o que é dito pela atriz. As palavras ditas em cena, no entanto, não estão decoradas como no teatro tradicional. Elas são ditas em tempo real, no ouvido da atriz, através de um fone invisível aos olhos do público, como o truque do “ponto” para os atores que precisam de “cola” pro texto.
A diferença é que em “Faço minhas as suas palavras” o conteúdo do texto é único a cada dia, de acordo com o depoimento gravado pela pessoa convidada e a atriz não conhece previamente o que vai dizer, que será experimentado diante da platéia. Somente no final o público ficará sabendo que aquelas palavras estavam na verdade sendo ouvidas durante sua execução. A voz original do dono do depoimento será amplificada no final da apresentação, revelando sua identidade, o jogo e a “autoria” do discurso original que passou da “caixa-preta” da gravação para a caixa-preta do palco nu, preenchido somente pelo corpo e pela interpretação da atriz.
Muitas questões interessantes se descortinam para nós com esse novo trabalho e suas muitas possibilidades. Quem é o verdadeiro autor e dono das palavras ? A quem não estamos ouvindo e a quem ouvimos e por que? Quem precisa dizer o quê? A quem o teatro precisa dar voz? O que é mais verdadeiro, uma ficção na qual acreditamos ou um depoimento documental? Existem diferenças entre um e outro? Ao recortarmos um discurso que se transforma num fragmento em cena, que sentido ele ganha – ou perde? Por que acreditamos em algo que vemos e ouvimos ou por que não acreditamos? Isso depende de quem diz? As mesmas palavras significam a mesma coisa ditas por pessoas diferentes? O que muda por estarmos dizendo diante dos outros? Ao fazermos nossas as palavras de alguém ela deixa de ser a palavra de alguém?
Temos infinitas perguntas e, ainda bem, muito poucas ou nenhuma resposta. O nome dado a esse tipo de cena em que o formato é pouco tradicional, indefinido porque traz em si diálogos com outras áreas das artes é “performance”. Algo que está permanentemente em processo, aberto, em construção.
Numa época onde a tecnologia possibilita novas formas de comunicação entre as pessoas, recorremos a uma “baixa tecnologia” – a gravação – para recriar um recurso muito antigo – o do ponto no teatro – e provocar uma situação de “alta tecnologia” em cena, ou seja, a simultaneidade, o sentimento de estar on line, a experiência do software livre, pois ao mesmo tempo podemos ser a voz e dar voz ao outro que pensa, sente e vê o mundo de uma forma diferente da nossa.
O que você diria se pudesse deixar gravado numa caixa preta algo que gostaria de dizer, talvez pela última vez? Afinal, toda vez é talvez a última. E nesse ponto, o teatro e a vida se parecem bastante.
O que você diria se soubesse que o que você vai dizer será dito para uma platéia, para um teatro cheio de ouvidos atentos ao que você tem para contar?
Essa é proposta do jogo criado por Bianca Ramoneda e Marcio Abreu. Ela atriz e jornalista, ele diretor e dramaturgo, ambos catadores de histórias.
A partir de depoimentos gravados por diversas pessoas se constrói a cena, composta apenas por um banco, um foco de luz e o que é dito pela atriz. As palavras ditas em cena, no entanto, não estão decoradas como no teatro tradicional. Elas são ditas em tempo real, no ouvido da atriz, através de um fone invisível aos olhos do público, como o truque do “ponto” para os atores que precisam de “cola” pro texto.
A diferença é que em “Faço minhas as suas palavras” o conteúdo do texto é único a cada dia, de acordo com o depoimento gravado pela pessoa convidada e a atriz não conhece previamente o que vai dizer, que será experimentado diante da platéia. Somente no final o público ficará sabendo que aquelas palavras estavam na verdade sendo ouvidas durante sua execução. A voz original do dono do depoimento será amplificada no final da apresentação, revelando sua identidade, o jogo e a “autoria” do discurso original que passou da “caixa-preta” da gravação para a caixa-preta do palco nu, preenchido somente pelo corpo e pela interpretação da atriz.
Muitas questões interessantes se descortinam para nós com esse novo trabalho e suas muitas possibilidades. Quem é o verdadeiro autor e dono das palavras ? A quem não estamos ouvindo e a quem ouvimos e por que? Quem precisa dizer o quê? A quem o teatro precisa dar voz? O que é mais verdadeiro, uma ficção na qual acreditamos ou um depoimento documental? Existem diferenças entre um e outro? Ao recortarmos um discurso que se transforma num fragmento em cena, que sentido ele ganha – ou perde? Por que acreditamos em algo que vemos e ouvimos ou por que não acreditamos? Isso depende de quem diz? As mesmas palavras significam a mesma coisa ditas por pessoas diferentes? O que muda por estarmos dizendo diante dos outros? Ao fazermos nossas as palavras de alguém ela deixa de ser a palavra de alguém?
Temos infinitas perguntas e, ainda bem, muito poucas ou nenhuma resposta. O nome dado a esse tipo de cena em que o formato é pouco tradicional, indefinido porque traz em si diálogos com outras áreas das artes é “performance”. Algo que está permanentemente em processo, aberto, em construção.
Numa época onde a tecnologia possibilita novas formas de comunicação entre as pessoas, recorremos a uma “baixa tecnologia” – a gravação – para recriar um recurso muito antigo – o do ponto no teatro – e provocar uma situação de “alta tecnologia” em cena, ou seja, a simultaneidade, o sentimento de estar on line, a experiência do software livre, pois ao mesmo tempo podemos ser a voz e dar voz ao outro que pensa, sente e vê o mundo de uma forma diferente da nossa.
Equipe:
Atriz – Bianca Ramoneda
Direção – Marcio Abreu
Construções Musicais – Pedro Luis
Assistente de Direção – Josy Antunes